Dia 17 de fevereiro de 2023. Data que causou profunda mudança na vida de Thais Medeiros, de 26 anos, e dos familiares dela. Há um ano, a jovem precisou ser internada após ter uma reação alérgica grave ao cheirar uma pimenta em conserva. Há um ano o quadro dela oscila entre melhoras e pioras; internações e altas. A família diz que não desiste da recuperação e clama por um tratamento em casa, o chamado home care, já que a mulher tem melhoras significativas quando está perto dos parentes.

Thais já tinha histórico de asma antes do episódio com a pimenta. Ela, que tem duas filhas crianças, vivia normalmente e trabalhava como trancista. No dia 17 de fevereiro, durante uma visita à casa do então namorado, em Anápolis, a mulher cheirou uma garrafa com pimentas de bode em conserva. Começava aí uma história de luta pela sobrevivência.

Logo após cheirar a pimenta, ela teve falta de ar e precisou ser levada a um hospital de Anápolis. Ela teve uma parada cardiorrespiratória e foi intubada. A jovem ficou sedada por vários dias e só acordou em 2 de março de 2023. Em abril daquele ano, Thais conseguiu se sentar na fisioterapia, ingerir o 1º alimento (um iogurte) e tomar sol pela primeira vez desde o ocorrido.

A luta estava apenas no começo. De acordo com Adriana Medeiros, mãe de Thais, a trancista foi para a UTI por ao menos 4 vezes. Médicos apontam que a mulher teve um edema cerebral com lesão irreversível no cérebro. Ela deixou de ter respostas neurológicas, perdeu os movimentos do corpo e perdeu a fala.

“A Thais tinha histórico de alergia leve à poeira e sempre teve problema de asma. Em 2020, antes do episódio da pimenta, ela ficou internada com bactéria no pulmão, mas nada tão grave como o que aconteceu três anos depois. Não fazíamos ideia que ela tinha alergia à pimenta”, contou Adriana ao Mais Goiás.

Pequenas melhoras, grandes comemorações

O pai de Thais, Sérgio Alves Silva, disse que a família, que mora em Goiânia, não perdeu as esperanças, apesar de os médicos afirmarem que a jovem que cheirou pimenta não terá uma recuperação total. “Nós comemoramos cada pequena melhora dela. Tudo nesse momento é importante. Não desistimos, mas acreditamos que a cura dela será um milagre”, afirmou.

Conforme expõe Sérgio, as melhoras são vistas especialmente quando a trancista fica na casa em que a família mora em Goiânia. Sérgio conta que a filha saiu do hospital no dia 6 de setembro e ficou em casa por cerca de 3 meses. De acordo com o pai, este foi o período que Thais mais teve avanços.

“Ela passou a fazer tratamento com neuromodulação e fisioterapeuta e os médicos perceberam que a Thais começou a relaxar mais os braços e pernas, coisa que não acontecia antes. Ela também passou a segurar o tronco e já conseguia engolir. No cérebro em si não teve melhora, mas no quesito movimentação foi uma evolução grande”, comentou.

Thaís Medeiros: jovem que cheirou pimenta luta por tratamento domiciliar

Sérgio afirma perceber que a filha é outra pessoa quando está em casa. “No hospital ela fica chorosa, triste. Teve uma vez que ela estava internada e não parava de chorar. Quando a mãe chegou, ela parou o choro. A gente sente que em casa, na presença das filhas e dos pais, a Thais tem melhoras significativas.

Daí a importância e luta pelo chamado ‘home care’, isto é, tratamento domiciliar. Sérgio afirma que precisou ir para a justiça, pois não estava conseguindo o tratamento em casa. “Quando a Thais recebeu alta do Crer, passou a receber o que eles chamam de Serviço de Atenção Domiciliar (SAD), que é um serviço que não oferece tudo o que ela precisa”, disse.

Após decisão favorável na Justiça, família aguarda ação da Prefeitura de Goiânia

Segundo ele, a jovem precisa de enfermeiros 24h, além de fisioterapeutas, fonoaudiólogos, e uma série de outros profissionais da saúde. Por não ter condições financeiras de arcar com o tratamento, a família recorreu à Justiça. A decisão foi favorável para a paciente. A Prefeitura de Goiânia foi obrigada a ofertar o serviço, mas, de acordo com Sérgio, isso ainda não aconteceu.

“O juiz deu sentença para que o Município cumpra a decisão em 5 dias, mas já tem quase uma semana e nada foi feito. A Thaís precisa desse atendimento. Ela não pode ficar parada e em casa ela evolui mais”, afirmou.

Mais Goiás entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia e aguarda retorno. O espaço está aberto para manifestação.

Sobrevivendo de vaquinha

Desde o ocorrido com Thaís, a família dela tem contado com a solidariedade de amigos e internautas, que abraçaram a causa e contribuem com vaquinhas online e doações diversas.

Sérgio conta que a esposa Adriana não trabalha mais, pois vive para cuidar da filha. “Graças a Deus não nos falta nada. Temos recebido doações de remédios, fraldas, alimentos e dinheiro para custear os tratamentos que o Poder Público ainda não forneceu”, comentou.

O pai da trancista teme que se as ajudas cessarem, a jovem fique sem tratamento. “Infelizmente não temos condições. Além da Thais, temos duas netas para cuidar. E se as pessoas esquecerem o caso ou não tiverem mais condições de ajudar? Ela tem direito a um tratamento digno e gratuito”, pontuou.

“Não vou desistir da minha filha”, diz mãe de jovem que cheirou pimenta

Para Adriana, desistir de Thais não é uma opção. Ela acredita que Deus fará um milagre. “Estamos vivendo um dia de cada vez. Não é fácil, mas não vou desistir da minha filha. Vou continuar lutando. Nós vemos que há melhoras, principalmente em casa e vou continuar lutando por isso”, garantiu.

Segundo a mulher, muitas pessoas sugerem que a família precisa optar por eutanásia. Contrariada com tais opiniões, ela dispara: “tem gente que fala que estamos perdendo tempo. Isso não é verdade. A Thais é saudável do pescoço para baixo. O problema dela é cerebral, mas não está em estado vegetativo. Não vamos deixá-la morrer, vamos lutar todos os dias pela vida”, finalizou.

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