Em Goiânia, Goiás, a morte de um bebê de apenas um ano e nove meses gerou comoção e revolta, levantando questões graves sobre a violência infantil e a negligência de órgãos responsáveis pela segurança das crianças. O caso envolve o pequeno Pedro Benjamin Gonçalves de Mello, que faleceu na madrugada de sábado, 14 de dezembro, após ser levado ao Hospital Municipal da Mulher e Maternidade Célia Câmara (HMMCC) em estado crítico. A criança chegou à unidade de saúde com sinais evidentes de agressões, como fraturas e hematomas, e foi imediatamente atendida pela equipe médica, que, apesar dos esforços, não conseguiu salvar sua vida.
Aos cuidados da equipe de saúde, Pedro foi identificado com fraturas e hematomas em várias partes do corpo, além de estar em parada cardiorrespiratória. Esse quadro alarmante levou os médicos a desconfiarem que a criança estava sendo vítima de abuso. A Polícia Civil foi acionada e iniciou a investigação sobre o caso. Um dos primeiros passos da apuração revelou que a mãe de Pedro havia levado o bebê a uma unidade de saúde dias antes de sua morte, alegando que a criança estava doente. No entanto, a versão foi desmentida por um laudo pericial, que indicou múltiplas lesões em seu corpo, sinais claros de maus-tratos, e não de uma doença.
Com base nas evidências iniciais, o pai do bebê, um pintor de 29 anos, foi preso como principal suspeito de ter causado as agressões que resultaram na morte de Pedro. Durante o depoimento, ele alegou que a criança havia sido ferida por um armário que teria caído sobre ela, uma versão que foi confirmada pela mãe da criança. No entanto, essa explicação foi prontamente contestada pelo delegado Rilmo Braga, responsável pela investigação, que apontou os sinais de “politraumatismo com sinais de maus-tratos” no corpo da criança, o que contradizia a versão apresentada pelo casal.
Antes da morte de Pedro, o caso já havia sido analisado pelo Conselho Tutelar. Em 3 de dezembro, o conselho havia retirado a guarda da criança dos pais e a transferido para a avó materna, diante das suspeitas de maus-tratos. A situação foi denunciada à Polícia Civil, mas, mesmo com as evidências de agressão, a criança acabou voltando para os cuidados dos pais. A decisão de devolver a guarda, apesar dos sinais de violência, gerou questionamentos sobre a atuação do Conselho Tutelar e a eficácia da intervenção.
Na noite de 14 de dezembro, Pedro foi levado ao hospital pelo pai, já sem vida. A equipe médica, ao identificar novamente sinais de agressão no corpo do bebê, acionou imediatamente a polícia. O pai foi preso em flagrante, enquanto a mãe, uma auxiliar de serviços gerais de 23 anos, foi ouvida pela polícia. Durante a audiência de custódia, a Justiça decidiu liberar a mãe, pois, segundo o delegado, a prisão dela não configurava flagrante. Já a prisão do pai foi mantida, com a acusação de homicídio qualificado, uma vez que as evidências apontam para a responsabilidade dele na morte do bebê.
O delegado Rilmo Braga afirmou que, apesar da libertação da mãe, ela continua sendo investigada como uma das principais suspeitas, juntamente com o pai. Ele também apontou que outras pessoas, incluindo a avó de Pedro, podem estar envolvidas ou ter conhecimento sobre os maus-tratos que a criança sofreu. A investigação segue em andamento, e novos exames estão sendo realizados para esclarecer todos os aspectos do caso.
Este caso trágico levanta questões sobre a segurança das crianças e a atuação dos órgãos responsáveis pela proteção infantil. A morte de Pedro, que poderia ter sido evitada, expõe falhas no sistema de proteção à criança e traz à tona a necessidade urgente de uma maior atenção aos sinais de abuso e negligência em casos semelhantes. Enquanto a polícia apura as responsabilidades, a sociedade se pergunta como um menino tão pequeno pode ter sido vítima de tamanha violência em seu próprio lar.
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